sexta-feira, 19 de abril de 2024

James Joyce - “Retrato do Artista Quando Jovem” / "A Portrait of the Artist as a Young Man"


James Joyce
“Retrato do Artista Quando Jovem” / "A Portrait of the Artist as a Young Man"
Páginas: 264
Relógio Água

Foi em Janeiro de 1904 que James Joyce, então com 21 anos, teve a ideia de escrever a sua autobiografia, a que chamou “A Portrait of the Artist”, mas rapidamente percebeu que as hipóteses de publicação eram escassas, mesmo os mais próximos e seus cúmplices literários não mostraram interesse na publicação, recorde-se que nessa época Joyce era já autor de belos poemas. Mas o escritor estava convicto da qualidade da sua escrita e irá continuar a trabalhar, aumentando de forma desmedida o livro inicial, transformando-o em “Stephen Hero”, o nome do protagonista do romance, o jovem Stephen Dedalus.

Os anos foram passando e após ter abandonado a sua Irlanda e ido para Trieste, na companhia da mulher da sua vida, a célebre Nora Barnacle, onde dava aulas de inglês (poderão sempre tentar ver o excelente filme de Pat Murphy, intitulado “Nora”, que nos conta a historia de amor entre o escritor irlandês e Nora, sendo o actor Ewan McGregor a dar rosto ao jovem Joyce), começa a trabalhar em “Retrato do Artista Quando Jovem” com vista à sua publicação, reduzindo de forma substancial o número de páginas, já que com o passar dos anos ele tinha adquirido um volume que não iria de forma alguma corresponder ao pretendido e assim irá procurar a forma perfeita, dando por terminada a feitura do romance autobiográfico “Retrato do Artista Quando Jovem” em 1914, precisamente o ano em que vê editado o seu livro de contos “Gente de Dublin” / “Dubliners” e dois anos depois “A Portrait of the Artist as a Young Man” verá a luz do dia nas livrarias.

Ao ler este belo livro, não se esqueça de ler as notas que o acompanham da responsabilidade do tradutor Paulo Faria, que também assina o prefácio, pois elas são um elemento indispensável para a leitura desta magnifica obra literária de James Joyce.

Rui Luís Lima


“Não havia nenhuma silhueta perto dele, nem o ar lhe trazia som algum. Mas a maré estava prestas a mudar, e o dia começava já a declinar. Virou costas ao oceano e correu na direcção da linha costeira e, correndo pela praia inclinada, indiferente aos seixos aguçados, deparou com um recanto arenoso no meio de um anel de colinas de areia com tufos de erva no alto e ali se deitou, para que a paz e o silêncio do final da tarde pudessem aquietar o tumulto que lhe agitava o sangue.”

James Joyce
in “Retrato do Artista Quando Jovem”
Relógio d'Água

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