terça-feira, 30 de abril de 2024

René Goscinny / Sempé - “As Férias do Menino Nicolau"


René Goscinny / Sempé
“As Férias do Menino Nicolau"
Páginas: 152
Dom Quixote

René Goscinny et Sempé
"Les Vacances du Petit Nicolas"
Páginas: 160
Folio/Gallimard

As Aventuras de “Le Petit Nicolas” / “O Menino Nicolau” surgiram pela primeira vez na Imprensa Francesa através da célebre revista “Pilote”, de banda desenhada, tendo já passado mais de meio-século sobre o seu “nascimento”. Aliás, quando se comemorou o cinquentenário, em Paris no Hotel de Ville, foi apresentada uma magnifica exposição sobre a criança francesa mais célebre da Literatura: Le petit Nicolas!


Nessa mesma exposição em Paris foi possível assistir em vídeo a uma entrevista com Renè Goscinny, em que ele nos relatava como “Le Petit Nicolas” / “O Menino Nicolau” tinha nascido das suas memórias de infância, criando assim esta criança, que por vezes entende de uma maneira bem “sui generis” o universo dos adultos.

Recorde-se que, em Portugal, “As Aventuras do Menino Nicolau” surgiram pela primeira vez no célebre Cavaleiro Andante, sempre acompanhadas pelo traço inconfundível de Jean-Jacques Sempé (que recentemente nos deixou), que assim deu vida ao personagem e aos seus amigos de escola, para além do pai e da mãe.

René Goscinny
(1926 - 1977)

Em “As Férias do Menino Nicolau” / “Les Vacances du Petit Nicolas”, deparamos logo no início com uma discussão entre os pais do menino Nicolau sobre o destino das férias, perfeitamente delirante, já a estadia no belo Hotel Beau-Rivage não lhe fica atrás, obrigando-nos muitas vezes a recordar esse Monsieur Hulot criado por Jacques Tati e o seu filme “As Férias de Monsieur Hulot” / “as Férias do Senhor Hulot”.

Jean-Jacques Sempé
(1932 - 2022)

Depois temos o regresso a casa e a descoberta que a cidade está deserta (o célebre êxodo dos franceses) e não se tem ninguém para brincar, mas ao surgir a notícia da partida para um acampamento de férias, o Petit Nicolas vai-se sentir livre como o vento, perante a ausência dos pais, que na verdade ficam inconformados perante a sua alegria, iniciando-se de imediato as mais espantosas peripécias que nos fazem, inevitavelmente, recordar a nossa própria infância.

(Re)ler as aventuras do Petit Nicolas transforma-se assim numa maravilhosa viagem até ao território da nossa infância, que permanece bem vivo na nossa memória.

Rui Luís Lima

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